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Como as Tecnologias Educacionais Apoiam a Diferenciação Pedagógica

Publicado em: 29 de outubro, 2023
Atualizado em: 20 de agosto, 2025

As discussões sobre o uso de tecnologia na educação têm se aprofundado nos últimos anos. Apesar de o desenvolvimento tecnológico ter se acelerado, principalmente devido à pandemia, gestores e docentes ainda encontram muitos obstáculos para uma utilização efetiva e intencional dos recursos educacionais digitais a favor da aprendizagem dos estudantes. Neste artigo, vamos mostrar como a prática de diferenciação do ensino, também conhecida como diferenciação pedagógica, pode ser uma aliada nesse uso.

O que é a Diferenciação Pedagógica?

A diferenciação pedagógica é uma metodologia ativa baseada em um ensino comum que pode ser ajustado de acordo com as necessidades de cada estudante. Uma vez que todos os alunos vão aprender com os mesmos objetivos, utilizando recursos e realizando avaliações, a diferenciação não pode ser confundida com “ensino personalizado”.

A educadora norte-americana Carol Tomlinson (1999, p.15) define o conceito como “a resposta de um professor às necessidades do aluno […]. Os professores podem diferenciar conteúdos, processos e produtos de acordo com a facilidade, os interesses e o perfil de aprendizagem dos alunos”.

Já Rhonda Bondie e Akane Zusho, educadoras e pesquisadoras do assunto, definem a diferenciação do ensino como “o resultado de um processo contínuo de tomada de decisão em que os professores observam e escutam a diversidade acadêmica da sala, que pode fortalecer ou impedir uma aprendizagem efetiva e eficaz”. (BONDIE e ZUSHO, 2023, p. 3).

A dupla é também responsável pela autoria do livro Diferenciação pedagógica na prática: rotinas para engajar todos os alunos, que a Penso Editora, em parceria com a Sincroniza Educação, trouxe para o Brasil.

No livro, as autoras apresentam uma estrutura, que chamam de ALL-ED (sigla em inglês para “todos os alunos aprendendo todos os dias”), por meio da qual é possível diferenciar o ensino com base em quatro passos:

  1. Identificar as partes ajustáveis da aula, que são Objetivo, Situação inicial, Critérios, Ações e Reflexões (OSCAR).
  2. Observar e ouvir os estudantes enquanto aprendem para identificar ajustes e necessidades específicas.
  3. Realizar a verificação de Nitidez, Acesso, Rigor e Relevância do conteúdo abordado para traçar estratégias adequadas de ensino (verificação NARR).
  4. Ajustar as Estruturas de ensino, os níveis de Ajuda e as Opções (EAO).

Essa proposta conta com estratégias de aprendizagem estruturadas, apoiadas por pesquisas em motivação e ciências cognitivas para potencializar a aprendizagem e ensino de todos os estudantes.

Exemplos de Estratégias de Diferenciação do Ensino

Para que você possa compreender melhor como isso é realizado na prática, separamos algumas dessas estratégias de ensino:

  • Identificação do que é mais relevante dentro do assunto abordado e ajustável do ponto de vista de conteúdo e estratégias. Isso facilita a tomada de decisão durante as aulas e também no planejamento. A partir daí, os professores conseguem ajustar o ensino às necessidades dos estudantes, com foco no que é importante para garantir a aprendizagem dentro do tempo previsto para as aulas e atividades.
  • Alternância de diferentes estruturas de ensino (atividades individuais, duplas, grupos ou atividade em grupo para instrução explícita) para variar as formas de buscar fazer com que os estudantes aprendam, considerando aspectos como o engajamento e a autonomia que cada estrutura proporciona, a fim de que sejam feitas escolhas que melhor se encaixem em cada momento.
  • Planejamento de momentos para observar e ouvir os estudantes enquanto eles aprendem, a fim de captar as informações necessárias, para fazer os ajustes de acordo com aquilo que os alunos demonstram no seu processo de aprendizagem.
  • Verificação das atividades planejadas para saber se estão nítidas e acessíveis, se estão com o nível de rigor adequado, e se são relevantes, a partir do que foi observado.
  • Ajustes do ensino por meio de mudanças nas estruturas de ensino; diferentes formas de oferecer ajuda; e oferta de opções para a execução de atividades.
  • Aplicação de rotinas de aprendizagem estruturadas e ajustáveis, possibilitando aos estudantes se dedicarem ao que precisam aprender.

Qual a Relação da Diferenciação Pedagógica com as Tecnologias Digitais?

É importante destacar que a metodologia de diferenciação pedagógica não depende de tecnologia educacional para acontecer. Ela pode ser praticada em qualquer sala de aula, de qualquer contexto, com ou sem recursos educacionais digitais, pois o que faz a diferenciação do ensino acontecer é a perspectiva atenta dos docentes em relação aos estudantes e o pensamento ágil diante dos desafios que surgem.

A abordagem abre espaço para que as tecnologias educacionais sejam utilizadas de forma estruturada e planejada, com o objetivo de aprimorar alguns processos de sala de aula e impactar positivamente a aprendizagem dos estudantes.

Segundo o Relatório Guia Edutec 2022, elaborado pelo Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), as escolas públicas brasileiras estão em nível básico na dimensão que avalia o nível de adoção de tecnologia para educação nas escolas públicas. O que isso significa?

A escola menciona brevemente em sua proposta pedagógica o uso de tecnologias digitais nos processos de ensino e aprendizagem. Há sugestões de uso de tecnologias no currículo da rede. O/A gestor/a escolar considera o potencial das TECNOLOGIAS DIGITAIS para os processos administrativos e pedagógicos de modo ainda instrumental. O/A docente considera o potencial das TECNOLOGIAS DIGITAIS para os processos de ensino e de aprendizagem. (CIEB, 2022, p. 20).

Ou seja, apesar de o potencial sobre o uso das tecnologias educacionais ser destacado pela gestão escolar e pela equipe pedagógica, ainda há a dificuldade de inseri-las nas rotinas de ensino e aprendizagem.

Com a prática de diferenciação pedagógica, é possível potencializar o uso das tecnologias, integrando-as às rotinas de aprendizagem e incorporando vários recursos, o que possibilita ao docente otimizar o seu tempo e contribui para a aprendizagem do estudante.

Como as Tecnologias em Sala de Aula Apoiam a Diferenciação do Ensino

Na Identificação das Partes Ajustáveis da Aula (OSCAR)

Ao praticar a diferenciação do ensino, a professora e o professor conseguem identificar as partes ajustáveis da aula. Uma delas é a Situação inicial (o S de OSCAR), ou seja, em que ponto a turma está em relação ao conteúdo ou à habilidade que será abordada. Para conhecer a situação inicial, os docentes podem utilizar algumas ferramentas digitais de interação, como o Mentimeter, em que o professor pode fazer uma pergunta específica aos estudantes para entender o que eles sabem sobre o assunto, ou seja, uma espécie de atividade diagnóstica da turma.

É possível utilizar essas ferramentas de interação também na hora de lançar mão de outra parte ajustável da aula, as Reflexões (o R de OSCAR). Nesse momento, o docente vai verificar o aprendizado dos alunos, comparando a situação inicial com os objetivos e critérios da atividade proposta.

No Ajuste do Ensino e na Verificação NARR

O ajuste do ensino – prática de diferenciação pedagógica – pode acontecer por meio da oferta de opções para a execução de atividades, quando os estudantes podem ter a oportunidade de utilizar recursos educacionais digitais para executar uma ação proposta pelo professor. Por exemplo, ao abordar um conteúdo sobre a II Guerra Mundial, o docente pode pedir à turma que realize uma atividade em grupo para explicar o que foi o nazismo. Cada grupo, então, pode pensar em um tipo de artefato para produzir, variando assim o formato de apresentação do conteúdo.

Cada um dos grupos pode escolher entre produzir uma linha do tempo, uma história em quadrinhos, uma colagem com textos, fotos e vídeos, um podcast, um vídeo, um mapa mental, entre outros artefatos. Todos esses formatos podem ser produzidos usando recursos digitais, como Canva, Miro, Google Apresentações, CapCut, Inshot etc. Por meio dessa oferta diversificada, o docente está aumentando o Acesso (o A de NARR) dos estudantes, possibilitando a cada um deles escolher o melhor formato para aprender e demonstrar sua aprendizagem.

É sempre importante que a professora e o professor conheçam os seus alunos para garantir uma seleção de opções conhecidas por eles, para que a turma se sinta competente na execução e na finalização da tarefa ou atividade proposta.

Outro exemplo é quando uma professora decide inserir o uso de tecnologias educacionais na aula ao mesmo tempo em que cuida do rigor (o primeiro R de NARR) da atividade proposta, outra prática da diferenciação pedagógica. Ela pode separar os critérios (o C de OSCAR) para aquela atividade em dois grupos: os esperados e os de excelência. No primeiro, a docente estabelece que todos os estudantes devem utilizar pelo menos um recurso digital de uma lista previamente disponibilizada. No segundo, os estudantes, além de atenderem ao critério esperado ao utilizar um recurso já conhecido, devem experimentar outro com que ainda não tenham mexido.

Dessa forma, a utilização de tecnologia educacional torna-se estruturada dentro da sala, apoiada pela prática de diferenciar o ensino para contemplar as potencialidades da turma. Além disso, usar tecnologias educacionais permite que docentes e estudantes conheçam e desenvolvam seus conhecimentos sobre recursos educacionais digitais.

No blog da Sincroniza Educação você encontra mais artigos, insights e experiências para inspirar e apoiar sua atuação na área educacional. Acesse e confira!


Referências:

CIEB – CENTRO DE INOVAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA. Guia Edutec: Relatório 2022. São Paulo, 2022. Disponível em: https://cieb.net.br/wp-content/uploads/2022/12/2022-12-12-Relatorio-Guia-Edutec.pdf. Acesso em: 20 ago. 2025.


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