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Como o uso de tecnologias digitais pode promover inclusão no ambiente escolar
10 | fev | 2023Apesar de a inclusão social e a cidadania serem direitos garantidos na Constituição Federal desde 1988, as mudanças culturais em uma perspectiva inclusiva ainda estão ocorrendo lentamente na sociedade e dentro das escolas.
Nas últimas décadas, o assunto vem ganhando cada vez mais fôlego com debates sociais, impulsionando políticas públicas e o desenvolvimento de tecnologias digitais aplicadas à educação.
Podemos chamar de inclusão a garantia de acesso, permanência e aprendizado de todos e todas nas escolas. Ou seja, uma escola inclusiva é aquela em que todas as pessoas se sentem parte do espaço, se sentem confortáveis ao frequentar o ambiente, independentemente de cor, gênero, biotipo ou necessidades específicas, entre outros pontos, e onde todas as pessoas têm condições para aprender.
Para uma escola ser inclusiva, portanto, há a necessidade de garantir espaço físico, estrutura, metodologias e estratégias pedagógicas adequadas, currículo bem estruturado, recursos, organização, apoios escolares, além de outros elementos.
Diante dessa amplitude, neste artigo falaremos sobre o modo como recursos tecnológicos podem promover e potencializar a inclusão das pessoas com deficiência (PcD), transtorno de desenvolvimento ou altas habilidades.
Marta Gil, socióloga e especialista em inclusão, em entrevista ao portal Porvir, ressaltou que, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 17,3 milhões de pessoas (com 2 anos ou mais de idade) com algum tipo de deficiência, o que corresponde a 8,4% da população. Já a Organização das Nações Unidas (ONU) registra 1 bilhão de habitantes no mundo com algum tipo de deficiência física ou intelectual.
A partir desse panorama e do desafio para a garantia de uma formação adequada a toda a população, a inclusão de pessoas com deficiência, transtorno de desenvolvimento e altas habilidades nas escolas pode e deve ser promovida em diversos aspectos. Vejamos:
- Estrutural, assegurando acessibilidade por meio de adaptações no espaço escolar, em salas de aula, banheiros, vias de circulação, artefatos e produtos, incluindo rampas, corrimões, pisos táteis, portas com vão livre, sinalização visual, sonora e tátil, elevador e tudo o que for necessário para garantir acesso a todos os estudantes em todos os espaços da escola, e sua locomoção segura e confortável.
- Cultural, respeitando e valorizando a diversidade, promovendo envolvimento, cooperação e relações respeitosas e inclusivas entre as pessoas.
- Comunicacional, fazendo uso de múltiplas linguagens, modalidades e recursos para atender a todos. Por exemplo, materiais disponíveis em braille, com audiodescrição, fonte ampliada e outros cuidados tipográficos, para pessoas com deficiência visual, cegueira ou com baixa visão; em Libras (Língua Brasileira de Sinais), para pessoas com deficiência auditiva ou surdez, entre outros.
- Pedagógica, buscando eliminar as barreiras e ampliar opções metodológicas de aprendizagem, tornando o currículo acessível a todos os estudantes por meio da utilização de diversos meios de apresentação do conteúdo, execução e expressão, engajamento e motivação para a realização diversificada de atividades e avaliações. Para saber mais sobre isso, pesquise sobre o Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA).
Mais do que oferecer vagas, as escolas de educação básica devem proporcionar condições que favoreçam a garantia à aprendizagem de todas as pessoas, promovendo a efetiva inclusão para muito além da integração.
Nesse sentido, o uso de recursos tecnológicos pode potencializar os aspectos pontuados acima, impactando positivamente a aprendizagem desses estudantes. Uma das maneiras é fornecer ferramentas e equipamentos para a aplicação das Tecnologias Assistivas no dia a dia, formações e treinamentos específicos para que educadoras e educadores possam aplicar essas tecnologias adequadamente.
Veremos a seguir como os recursos tecnológicos podem contribuir com a inclusão das pessoas com deficiência (PcD), transtorno de desenvolvimento ou altas habilidades nas escolas:
Tecnologias educacionais voltadas para a acessibilidade
A tecnologia pode apoiar a inclusão em diversos aspectos, do uso de materiais, técnicas e estratégias pedagógicas, ferramentas e apps para facilitar o acesso a conteúdos à criação de objetos digitais de aprendizagem, que, inclusive, permitem variações personalizadas com maior agilidade. A chamada Tecnologia Assistiva (TA) promove inclusão ampliando possibilidades de comunicação, mobilidade, controle de ambiente, habilidades de aprendizado e trabalho, participação, autonomia, independência e qualidade de vida.
As impressoras 3D, por exemplo, podem produzir mapas e figuras geométricas tridimensionais, o que facilita a compreensão de conteúdos. Algumas também podem imprimir em braille.
A Apple tem entre seus valores o compromisso com a acessibilidade e a inclusão, e não é diferente no campo educacional. Recursos nativos do iPad, por exemplo, permitem que pessoas com diferentes deficiências tenham acesso aos conteúdos de forma personalizada e adequada às suas necessidades, o que possibilita a elas aprender e criar o que quiserem, de um jeito que funcione melhor para elas.
Com os recursos oferecidos pela Apple, ler, ouvir, interagir e compreender fica muito mais fácil. Veja alguns exemplos:
Visão
O recurso Lupa funciona como uma lente de aumento digital. Basta apontar o dispositivo Apple para qualquer coisa que o estudante deseja ampliar, como um gráfico impresso. Já o Zoom amplia uma área da própria tela, podendo inclusive mostrar essa área em uma janela separada para que o restante permaneça no tamanho original.
Por meio de Ajustes de Tela, as exibições podem ser configuradas de acordo com a preferência do usuário. Há, por exemplo, textos em negrito ou maiores, inversão de cores, aumento de contraste e até aplicação de filtros que facilitam a leitura, entre outras possibilidades de ajustes tipográficos.
Audição
Por meio de alertas sensoriais, vibratórios ou visuais, o usuário recebe notificações como chamadas no FaceTime ou de telefone, além da chegada de mensagens ou e-mails.
Enquanto isso, o Reconhecimento de Som usa a inteligência do aparelho para avisar, também sensorialmente, a detecção, ao redor, de quinze tipos de sons, como um alarme de fumaça, um sinal de intervalo ou batidas na porta.
Mobilidade
É possível configurar um toque duplo ou triplo na parte de trás do iPhone para ativar diversos recursos com maior facilidade, como, por exemplo, realizar uma captura de tela. O Tocar Atrás pode ser usado para acionar diversos recursos de acessibilidade e atalhos para apps específicos.
Com o apoio da Siri, muitos comandos podem ser solicitados sem o uso da escrita. Basta ajustar as configurações entre suas várias opções de recursos.
Recursos cognitivos
Os recursos Falar Conteúdo da Tela, Falar Seleção e Falar Digitação são excelentes para pessoas com deficiência visual e/ou intelectual e para quem aprende melhor escutando o que está lendo ou escrevendo, porque esses recursos dão voz aos textos.
Já o Sons de Fundo ajuda a quem precisa de apoio para se concentrar, minimizando os impactos de sons que podem causar distrações ou desconforto. Existe também a possibilidade de executar sons relaxantes ou até silêncio absoluto em segundo plano para ajudar nas tarefas.
Desejamos que todas as pessoas tenham acesso a um ensino de qualidade, que valorize as diferenças e particularidades de cada uma, incluindo, também, as diversidades sociais, étnicas, raciais, culturais, físicas, intelectuais, sensoriais e de gênero. Assim, atuamos em parceria colaborativa, cientes de que uma das metas para assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade a todos no Brasil, conforme a Agenda 2030 (ONU), é eliminar as desigualdades de gênero e raça na educação. Some-se a isso garantir aos grupos em situação de vulnerabilidade equidade de acesso, permanência e êxito em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, sobretudo a pessoas com deficiência, populações do campo, populações itinerantes, comunidades indígenas e tradicionais, adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas e população em situação de rua ou em privação de liberdade.
Entendendo que a inclusão, além de ser um direito, traz benefícios para a sociedade como um todo, a Sincroniza lançou os e-books Recursos Educacionais Digitais e Acessibilidade: Guia para Planejar uma Aula Inclusiva, que foram elaborados para ajudar docentes no planejamento de aulas inclusivas com o uso de tecnologias digitais.
Conte com o apoio da Sincroniza Educação em todos os seus processos de inovação, implementação tecnológica e formação pedagógica.
Vem com a gente!
Referências:
APPLE. Acessibilidade. Disponível em: <https://www.apple.com/br/accessibility/>. Acesso em: 13 out. 2022.
BRASIL. Governo Federal. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, 1988. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 30 nov. 2022.
EDUCADOR DO FUTURO. Acessibilidade na escola: entenda a importância e o papel da tecnologia. 2021. Disponível em:
<https://educadordofuturo.com.br/educacao/acessibilidade-escola/>. Acesso em: 13 out. 2022.
GIL, M. É preciso entender a inclusão como um direito humano. Entrevista concedida a Ruam Oliveira. Porvir, 2022. Disponível em: <https://porvir.org/e-preciso-entender-a-inclusao-como-um-direito-humano/>. Acesso em: 13 out. 2022.
IBGE. Pesquisa nacional de saúde 2019: ciclos de vida. Governo Federal. Ministérios da Saúde e da Economia. 2021. Disponível em: <https://www.pns.icict.fiocruz.br/wp-content/uploads/2021/12/liv101846.pdf> Acesso em: 18 jan. 2023.
INEP. Glossário da Educação Especial. Censo Escolar 2019. Ministério da Educação. Brasília, 2019. Disponível em: <https://download.inep.gov.br/educacao_basica/educacenso/situacao_aluno/documentos/2019/glossario_da_educacao_especial_censo_escolar_2019.pdf > . Acesso em: 18 jan. 2023.
ONU. ONU News. 1 bilhão de pessoas com deficiência entre as mais impactadas pela pandemia. Disponível em: <https://news.un.org/pt/story/2021/12/1772482>. Acesso em: 30 nov. 2022.
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RIBEIRO, G. R. P. S.; AMATO, C. A. H. Análise da utilização do desenho universal para aprendizagem. In: Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento. v. 18, n. 2. São Paulo, 2018. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-03072018000200008. Acesso em: 28 nov. 2022.