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Heterogeneidade em sala de aula: conheça uma metodologia para lidar com esse desafio
29 | maio | 2023Você já ouviu falar em heterogeneidade em sala de aula? Se você é da área educacional, é possível que esteja mais familiarizado com o termo. “Diversidade acadêmica” ou “turmas heterogêneas” também são outras formas de se referir a essa situação, comum em salas de aula. Neste artigo, vamos conversar sobre os desafios experimentados pelos docentes diariamente ao depararem com essa realidade, e como a Diferenciação Pedagógica pode contribuir com esse contexto.
O que é a heterogeneidade em sala de aula?
Em uma sala de aula você vai encontrar indivíduos com diferentes características, afinal, as pessoas são únicas e diferentes umas das outras. Logo, os estudantes igualmente apresentam diferentes níveis de conhecimento, motivações, ritmos e formas de aprender, além de pertencerem a diferentes grupos culturais, étnicos e sociais.
Diante desse contexto, professoras e professores lidam com o desafio de ensinar turmas heterogêneas, ou seja, turmas que são formadas por esses diferentes perfis de alunos. E por que isso é um desafio? Porque os docentes precisam avaliar vários aspectos ao planejar e aplicar suas aulas para tentar contemplar essas diferenças, aproveitando as potencialidades e atendendo às necessidades de cada estudante.
Heterogeneidade na prática
Para você compreender melhor as consequências dessas diferenças, sugerimos que visualize uma sala de aula com vários alunos. A professora ou o professor decide então conduzir uma atividade durante a aula com o objetivo de abordar um conteúdo que será pesquisado pelos estudantes.
Nessa turma, você com certeza vai encontrar casos em que:
- Alguns estudantes têm facilidade no desenvolvimento da atividade, por isso acabam mais rápido, antes do término do tempo proposto. É possível que esses alunos fiquem entediados no tempo que resta, já que precisam esperar o restante da turma finalizar o exercício.
- Alguns estudantes conseguem finalizar a atividade no exato tempo proposto pelo docente.
- Estudantes demonstram uma ou mais dificuldades no desenvolvimento da atividade e por isso não a finalizam a tempo. É possível que esses alunos se sintam frustrados por não terem conseguido realizar o exercício proposto e, eventualmente, se engajem menos na realização da atividade para evitar a frustração.
- Alguns estudantes têm muita dificuldade no desenvolvimento da atividade e por isso não a realizam. Nesse caso, esses alunos tendem a se engajar menos na realização da atividade, já que a dificuldade aparece como um obstáculo ao seu desempenho.
Existem ainda outros exemplos de como a heterogeneidade desafia os docentes na busca por garantir a aprendizagem de todos os estudantes. Esse contexto, que já era comum nas salas de aula brasileiras, se aprofundou diante do ensino remoto não planejado ocasionado pela pandemia mundial de covid-19, deixando a educação com um grande desafio: a defasagem da aprendizagem.
Defasagem da aprendizagem
Sabemos que a realidade da educação no mundo inteiro foi prejudicada pela pandemia de covid-19. Segundo o estudo Cenário da exclusão escolar no brasil – um alerta sobre os impactos da pandemia da covid-19 na educação, lançado pela Unicef em parceria com o Cenpec, cerca de 5,1 milhões de crianças e adolescentes ficaram sem acesso à educação no Brasil em 2020.
Ao voltarem às aulas presenciais, os educadores e educadoras encontraram:
- Alguns estudantes pouco motivados com os estudos e outros mais motivados com a volta das aulas presenciais
- Níveis de conhecimento muito diferentes entre os estudantes
- Ritmos de estudo diferentes entre os estudantes
- Saúde mental comprometida
- Alguns estudantes mais autônomos no seu processo de aprendizagem
- Estudantes menos engajados nos seus estudos
- Alguns alunos com mais habilidade no uso de diferentes recursos digitais
Durante o longo período de isolamento social, o distanciamento foi não só entre as pessoas, mas também entre o nível e a qualidade de aprendizagem esperados e o que foi realmente alcançado pelos estudantes. Segundo o Relatório do Banco Mundial-Unesco-UNICEF, o déficit de aprendizagem no Brasil pode chegar a 70% pós-pandemia.
A heterogeneidade, que sempre existiu, se aprofundou, tornando o cenário mais desafiador para professores e estudantes. Para lidar com esse desafio, é necessária a atuação de vários atores, mas, no dia a dia de sala de aula, professores precisam tomar decisões rápidas e fazer escolhas assertivas sobre como conduzir suas aulas em um cenário de defasagem.
A desigualdade escolar pode desencadear impactos diferentes na aprendizagem de estudantes em uma mesma turma. Os níveis de desempenho, por exemplo, podem chegar a ser tão distintos que nos referimos a eles como “extremos”: polos opostos que reforçam a ideia de sucesso e fracasso escolar. Uma educação com equidade considera esses fatores e são realizadas ações específicas para atender os estudantes de acordo com suas necessidades, respeitando seus interesses e potencialidades.
Porém, como fazer isso em uma realidade de turmas numerosas, com poucos recursos e pouco tempo para apoiar cada estudante individualmente? Continue a leitura para conhecer o conceito de Diferenciação Pedagógica.
Diferenciação Pedagógica: o que é?
A Diferenciação Pedagógica é definida pela educadora norte-americana Carol Tomlinson (1999, p.15) como “a resposta de um professor às necessidades do aluno […]. Os professores podem diferenciar conteúdos, processos e produtos de acordo com a facilidade, os interesses e o perfil de aprendizagem dos alunos”.
Rhonda Bondie e Akane Zusho, educadoras e pesquisadoras do assunto, procuraram identificar como a Diferenciação Pedagógica acontece no dia a dia da sala de aula e definiram a prática como “o resultado de um processo contínuo de tomada de decisão em que os professores observam e escutam a diversidade acadêmica da sala, que pode fortalecer ou impedir uma aprendizagem efetiva e eficaz”. (BONDIE e ZUSHO, 2023, p. 3).
A prática da Diferenciação Pedagógica parte do pressuposto de que nenhum aluno deve sair confuso da sala de aula e, para que isso ocorra, é necessário considerar as necessidades dos estudantes localizados nos extremos da aprendizagem em uma turma.
É importante ressaltar que a Diferenciação Pedagógica não é uma personalização do ensino para cada estudante. Ao contrário, ela se baseia em um ensino comum ajustável, em que todos os alunos estão aprendendo com os mesmos objetivos, recursos e avaliações. (BONDIE e ZUSHO, 2023, p. 3).
Diferenciação Pedagógica na prática
Por meio das estratégias de diferenciar o ensino, os docentes aprendem a:
- Identificar o que é relevante e ajustável, facilitando a tomada de decisão durante as aulas e também no planejamento. A partir disso os professores conseguem ajustar o ensino às necessidades dos estudantes, com foco no que é importante para garantir a aprendizagem dentro do tempo previsto para as aulas e atividades.
- Alterar diferentes estruturas de ensino para variar as formas de buscar fazer com que os estudantes aprendam, considerando aspectos como o engajamento e a autonomia que cada estrutura proporciona, para fazer escolhas que melhor se encaixem em cada momento.
- Planejar momentos para observar e ouvir os estudantes enquanto eles aprendem, a fim de captar as informações necessárias, para fazer os ajustes de acordo com aquilo que os alunos demonstram no seu processo de aprendizagem.
- Verificar, a partir do que foi observado, se as atividades planejadas estão nítidas e acessíveis, se estão com o nível de rigor adequado, e se são relevantes.
- Ajustar o ensino por meio de mudanças nas estruturas de ensino; de diferentes formas de oferecer ajuda; e da oferta de opções para a execução de atividades.
- Aplicar rotinas de aprendizagem estruturadas e ajustáveis, possibilitando aos estudantes se dedicarem ao que precisam aprender.
Como aprender sobre Diferenciação Pedagógica
Se você ficou interessada ou interessado no conceito de Diferenciação Pedagógica, a obra das autoras Rhonda Bondie e Akane Zusho sobre o assunto ganhou uma edição brasileira, lançada pela Penso Editora em parceria com a Sincroniza Educação. Clique aqui para ter acesso à obra. Mas essa não é a única forma!
A Sincroniza Educação, com base na obra citada acima, construiu uma solução para formar docentes de todo o Brasil para lidar com a heterogeneidade em sala de aula. Diferenciação Pedagógica: Práticas para Garantir que Todos Aprendam conta com uma trilha formativa que fornece aos educadores subsídios práticos para a aplicação de estratégias e rotinas de aprendizagem e para a tomada de decisão ágil e contínua em sala de aula. Além disso, a trilha formativa parte de princípios antirracistas, a fim de garantir uma educação com equidade, que valoriza a diversidade em sala de aula e não deixa ninguém para trás!
Além da trilha, a solução conta com um escopo de apoio às secretarias de educação: os Grupos de Trabalho de Implementação, que visam garantir a perenidade da Diferenciação Pedagógica nas escolas, por meio de um Plano de Ação e um Plano de Perenidade.
Ficou curiosa ou curioso para saber mais sobre a solução? Clique aqui e conheça mais do Diferenciação Pedagógica: Práticas para Garantir que Todos Aprendam.